Quando alguém vive uma crise de ansiedade, é natural que surja a dúvida sobre o uso de medicamentos. A questão de o que tomar para uma crise depende de vários fatores, e é importante entender os diferentes tipos de tratamentos disponíveis, como ansiolíticos e antidepressivos, e qual é a abordagem mais adequada para cada situação.
1. Ansiolíticos: o alívio imediato
Em casos de crise de ansiedade, os ansiolíticos são frequentemente utilizados para proporcionar um alívio rápido dos sintomas. Eles agem diretamente no sistema nervoso central, diminuindo a tensão, o medo e a agitação. Um dos medicamentos mais conhecidos dessa classe é o clonazepam, mas existem outros, como o lorazepam e o diazepam. Esses medicamentos têm um efeito calmante quase imediato e devem ser mais prescritos para o uso emergencial, quando a crise está no seu pico.
No entanto, é importante destacar que ansiolíticos não resolvem a causa subjacente da ansiedade. Eles são úteis para controlar a crise no momento, mas não são a solução de longo prazo. Além disso, seu uso deve ser feito com cautela e apenas quando indicado, pois o uso excessivo ou prolongado pode levar à dependência.
2. Antidepressivos: tratamento contínuo e prevenção
Os antidepressivos, como os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) (ex: escitalopram, sertralina) e os inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN) (ex: venlafaxina), têm um papel fundamental no tratamento contínuo de transtornos de ansiedade, incluindo a ansiedade generalizada.
Embora esses medicamentos não atuem imediatamente no alívio da crise, eles são usados para ajudar a controlar a ansiedade de forma mais duradoura. Eles funcionam ao regular alguns circuitos e neurotransmissores no cérebro, o que pode ajudar a reduzir a frequência e a intensidade das crises de ansiedade ao longo do tempo. O efeito completo de um antidepressivo pode levar algumas semanas para se manifestar, por isso, seu uso é indicado para quem tem crises recorrentes ou ansiedade crônica. Apesar do nome, os antidepressivos não servem apenas para quadros de depressão e são, na verdade, os principais medicamentos para o tratamento dos transtornos de ansiedade.
3. Outros medicamentos
Há ainda medicamentos de outras classes, como a Pregabalina, a Quetiapina ou a Buspirona, que não se encaixam nos grupos citados, mas que também possuem efeito de reduzir sintomas de ansiedade quando utilizados diariamente.
É normal ter crise de ansiedade mesmo tomando remédio?
Sim, pode ser normal ter crises de ansiedade, mesmo quando você está tomando remédio. Isso pode acontecer por várias razões, como:
- Ajuste da medicação: Pode ser necessário ajustar a dose ou o tipo de medicamento até encontrar o que funciona melhor para você. É comum que o paciente esteja tomando um medicamento inadequado ou uma dose menor que a ideal, por exemplo.
- Mudanças no estilo de vida: O medicamento é apenas uma parte do tratamento para a ansiedade. O estresse, o sono inadequado, a dieta e outros fatores externos podem influenciar o controle da ansiedade, mesmo com medicação. Por isso, é essencial haver prática de atividade física, higiene do sono e outras mudanças na rotina. Também deve haver redução no consumo de cafeína e no uso de outras substâncias.
- Crises iniciais: Algumas pessoas podem ter crises nas fases iniciais do tratamento, antes que o medicamento faça efeito completo. As duas primeiras semanas de tratamento com antidepressivos podem ser mais desafiadoras, pois pode haver até leve piora na ansiedade.
- Fatores emocionais ou psicológicos não resolvidos: O medicamento pode ajudar a controlar os sintomas, mas não resolve todas as causas emocionais ou psicológicas subjacentes da ansiedade. A psicoterapia é essencial para ajudar a lidar com esses fatores e faz parte do tratamento.
Ajustando expectativas sobre a eficácia
Embora os medicamentos possam ser bem eficazes, é fundamental ajustar as expectativas. Remédios para ansiedade não são uma solução mágica e não fazem desaparecer a ansiedade da noite para o dia. Seu papel é ajudar a reduzir os sintomas e possibilitar mudanças no contexto de vida e engajamento nas atividades, mas a recuperação completa e o controle das crises também dependem de outros fatores, como a psicoterapia, mudanças no estilo de vida e o desenvolvimento de estratégias para lidar com o estresse.
Portanto, se você está tomando medicação e ainda enfrenta crises de ansiedade, é importante não se desmotivar. O tratamento de ansiedade muitas vezes é um processo contínuo e multifacetado, e o apoio médico especializado pode ajudar a encontrar a combinação de tratamentos mais eficazes para você.
Se você tem dúvidas sobre o uso de medicamentos para ansiedade, converse com seu psiquiatra. Ele pode ajustar o tratamento conforme necessário, levando em conta seu histórico, a intensidade das crises e outros fatores que influenciam sua saúde mental.
